sexta-feira, 16 de julho de 2010

Disléxico

Eu esqueci...
Minha memória
A toda, toda hora,
Minha memória em devaneios afunda, perde.

Sou tão confuso.
Ora, tão confuso!
Absorto...
Quanta falta de atenção!
Sou disléxico!
Leio, leio e nada.
Bóio sobre as palavras.

Me naufrago, me palavro.
Numa só palavra sou tragado.
Meus pensamentos são como aquele rio:
Águas difusas, correntes subalternas, idéias paradas.

Um rio de lamentações
Onde nunca ascendo à superfície.
Não conheço-me a mim mesmo,
Não que eu queira como absoluto,
Mas é que deste quarto
Só conheço o que a luz alheia me oferece, me permite.
Não sou a candeia da minha própria luz,
Da minha própria vida.
Vivo numa escuridão
Resplandecido por feixes que sobram,
Que me abatem como balas perdidas que atingem suas vítimas sem querer
E lhe brindam com o clarão da morte.

Não me acho.
Por uma deficiência orgânica e psicológica.
E a luz que me toca
É tão dolorosa
Quanto qualquer Sol que me encara.

“a tendência é exaltar-nos.
Mas eu... Observem um pouco.
Basta só um pouco
E vão perceber
Quanto solitário,
Quanta embriaguez nos fins de semana
Para esquecer uma vida inteira.
Quanto exagero em ser discreto,
Quanta estupidez pretensiosa.
Quanto... Vazio."

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