domingo, 15 de agosto de 2010

Sintam

Eu sou um fragmento de mim.
Eu sou fragmentado de mim,
Rachado, trincado.
Um pedaço de vidro confuso e opaco.
Por mim não passa luz.

Nem reflito, nem reproduzo.
Um campo infértil;
Vasos dilatados que exprimem pus.
Escorrimento de demência,
Vagina infectada,
Mal cheirosa.

Sentem?

Esse é o ser intelectual:
Fede!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Masturbação

Insisto.
A mim mesmo digo.
Insisto!
Vou e volto.
Inspirado ou mesmo sem ar.
Não desisto.
És pra mim sempre
Consolo, abandono e frustração.
Sem resistência, reticências, sem repulsa.
Ou sem convite algum
Sento-me diante de ti,
A te apreciar,
Esperando que daí saia a minha mais bela obra,
Mas continua em branco.

Poderia falar como gosto do branco,
Mas seria injusto se não falasse de outras cores.
Por isso mesmo
Não falarei de nenhuma coisa.
Voltando...
É melhor não me perder nesse dilema.

Busco de volta com amor
A vaidade mais absurda,
Mais escondida, deteriorada,
Enfiada nos meus porões,
Nas fendas enormes das minhas feridas,
Na minha cara.

Ache-me lá.
Perdido no sótão.
Aprendendo ainda a escrever,
No diálogo confuso do que eu quero.
No diálogo sim,
Pois não sou apenas um.
Sou dois, sou três, sou quatro.
Sou aquele que não é,
Mas que está sendo.
A recusa do Ser,
A afirmação do Estar.

Pra ti sonhei a palavra mais bonita,
Rima que não consegui fazer
E que tanto me maltrata.
Patético, não?

O som da ironia embebeda meus ouvidos,
Dilui minhas palavras,

Me abraça inteiro na solidão.

Ridícula!
Meus olhos mergulham na retina da luz opaca,
Nas parcas idéias.

A todos aqueles cansados.
Gritai só mais uma vez
Antes que o silêncio nos desperte.

Acorde!
Um dia cinzento vem vindo.
Uma tarde quente incomoda.
Uma noite se levante e dorme.
Dorme...
Que é pra ter força,
Levantar a cabeça em recusa,
Adentrar rio a fundo,
As enormidades da vida pré-determinada,
Em prol de uma indecisão inconclusa.
Não se iluda, não se iluda.
Nessa data eu estarei sempre com minhas hesitações.

Chegou o dia de eu me afastar de tudo.
Não se preocupe,
Por favor,
Não há receio
Estou decidido.
Já amarrei os cadarços,
O tempo de ser
Se foi.
Não olho mais pra trás.
O que me resta?
Você?
A minha vida seria muito limitada se fosse só você.
Pouco romantismo é necessário...
Nos prendemos muito
E nessa sociedade não temos tempo...
Vamos acabar logo com isso.
Mas não chore,
Eu ainda te amo.
Se você quiser posso te masturbar.
Um abraço.
Até a próxima!

Dúvidas

Precisa sair das entranhas?
Ser rimado? Ter métrica?
Precisa vir de um poeta?

Com esforço e com muita dor?
Com sofreguidão, com amor?
Com melancolia, com sexo?
É preciso fazer sucesso?

(vai ter um dia em que eu não vou agüentar)

À noite, ou pelo dia
Na cama ou na cozinha
Em casa ou na rua
Para o mar ou pela Lua.

De calça ou sem calçado
Por Deus ou pelo Diabo
Tranqüilo ou agitado
Preciso de um coração... Salgado