terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Já é noite

Por favor,
Calem-se!
Estou cheio de vocês.
Já fiz meus afazeres,
Trabalhei o dia inteiro
Agora calem-se!
O que há com vocês?
Não conseguem ficar um minuto sem escutar as próprias vozes?

Estou cansado,
Com dor de cabeça
E os olhos prontos pra mais uma seção de sonhos,
Só preciso de silêncio.
Coisa tão simples, boba...
Não temam,
Ele não morde
Nos ajuda até.
Faz os nossos olhos olharem pra dentro do nosso corpo
Tão cheio de carne
Assolado por vãos indigentes.
Cada órgão funcionando na sua solidão
Comunicando-se através de enzimas,
De sangue.

Sentados
Olhando aquele horizonte apagado
Sem muito a dizer, andamos.
A cada paço um tanto de vida
E um tanto de vida para cada paço que damos...
Falem alto!
É preciso se jogar no silêncio
Para entender por que gritamos...

Como nossas forças se diluem facilmente nas águas do tempo.
Nas águas do tempo nossas vidas embarcam num caminho sem volta,
Ficam à deriva dos bons ventos
Ou das tempestuosas ressacas do mar.
Como é engraçado esse nosso fim.
Como é frouxo e dispendioso esse sorriso sem graça.
É o que nós somos:
Um poço melancólico de esquecimento,
Seres filhos de órfãos,
Um corpo sem identidade
Cheio de inconsciente,
A vida em uma só palavra:
Reticência

“Ô, rapaz! Zoada.
Eu quero dormir.”

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