quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Cartas para alguém.

Devo abandonar-te.
Significa, talvez, abandonar a mim mesmo...
Como posso saber? Não saberei. Não temos como saber. Vivemos a errar, numa busca descuidada pelo acerto, tropegamente felizes.

Devo te abandonar.
Será melhor para nós, afinal, o que nos resta oferecer? O que temos para nos dar? Amor? Tivemos algum dia?

Foi bom. Descobri que você existe, que algo imenso como uma coberta me envolveu, prendeu todos os membros igual um laço forte, tomando-me o ar ao sufocar-me de beijos, contendo meus movimentos ao cobrir-me com o corpo, alastrando-se inteira por dentro a forçar em suspiro a minha autoexpansão, universalizando-me as dores lascivas, o grito lúbrico e o sereno sorriso d'antes de dormir.

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