sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Estradas e Confins

As viagens são longas
Mas o mundo continua parecendo pequeno.
Tantas paisagens,
Tanto chão
E a mesma cara amaçada.
Os mesmo sonhos,
As mesmas palavras.
O nosso povo fala uma só língua:
O português.
Se errado, se certo,
Isto não importa.
Falamos com gestos
Com os tantos olhares perdidos,
Desavergonhados,
Com os mais sinceros sorrisos
E a pele fibrosa e desgastada.
É a nossa realidade de Sol,
De enchada.
De precoce rugas no rosto,
De mãos calejadas.
De um desemprego perverso,
De um amor sendo feito às pressas,
Do lazer abafado,
Da vida corrida e cronometrada.
Viemos aqui, somos daqui,
De todos e de todas,
Sem nomes, sem lugares,
Confundidos e relegados a uma margem estreita,
Oprimidos e condenados a escuros eternos.
Simplesmente fudidos:
De carne, de lágrimas, de prole,
De sangue, de fibra, de força.
É o povo das nações todas
Chama-se assim:
Classe Trabalhadora.

Nenhum comentário: