quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Perturbador

Os meus olhos dotados de um profundo vazio
Agora se enchem do teu reflexo.
A distância que existe entre nós
Fez-me abrir a caixa do peito,
E assim, num desespero,
Sair puxando tudo que é veia,
Artéria, vértebra.
Definhando todos os órgãos.

A cada metro distante,
Era um coração que eu esmagava;
A cada um perto,
Minhas narinas indicavam,
Meus dedos eriçavam.
Meu corpo era um grito fustigado,
Abelhas zunindo liquidificadores
Nessas securas infernais.
O suor escorria como uma gota de tapa.

A pele perfumada...
Cada fungada era capaz de deixar a pele rasgada.
O contato, pois de forma violenta,
Pondo marcas no pescoço,
Nas costas e cabelos nas mãos.
Tocava tuas costelas
Como que numa canção convulsante.
Meus olhos, meus olhos, meus olhos!
Enchiam-se dos teus.
Teus lábios sangrando nos meus,
Um mar revolto, suculento, salgado.
Uma lembrança de dor, esquecimento.
Meu corpo dentro do teu.
Braços, pernas, peitos, bocas, línguas,
Dentes, gargantas, cabelos. Tudo em crescimento.

É rápido, escuta! Por favor!
Aqui não há espaço para o amor!

Um comentário:

Nathália. disse...

A preguiça tem que ser sentida do jeito mais perjorativo que a gente conseguir senti-la.

só vi teu comentário agora.
acho que foi preguiça de ler sobre a minha preguiça.